Encontrando um novo sentido e aprendendo a ser feliz
“- E aí? Trabalho nada?
– Trabalho!!! Já tenho bastante, não quero mais!…”
Isto é parte de uma conversa entre amigos, e mostra como o trabalho, ou melhor, o emprego ainda é visto hoje.
Para alguns, estar bem é ter um emprego formal, com rotina entediante e um chefe hostil.
A professora Christine Porath, autora do livro Mastering Incivility (“Dominando a hostilidade – um manifesto em favor do ambiente de trabalho) revela em suas pesquisas que 98% dos profissionais já viveram situações hostis no dia a dia. Como é possível viver bem em um mundo assim?
Só depois que saí do mundo corporativo, descobri que é possível ser produtiva sem ter um emprego formal e ainda conseguir ser bem mais feliz!
Trabalho é diferente de emprego, estando mais ligado à realização pessoal e com mais chances de sucesso. Não estou falando sobre remuneração, estou falando sobre Felicidade!
Vivemos uma rotina estressante. Diante disso, somos obrigados a procurar válvulas de escape para sobreviver às intempéries.
Ser introvertido pode ser mais interessante do que parece
Me considero uma pessoa bastante introvertida. Sempre tive muito receio de me expor. Esse comportamento sempre me acompanhou como um ponto negativo da minha personalidade. Tenho dificuldades em apresentar minhas ideias, e quando consigo, não sou convincente.
Existe a concepção de que boas ideias e pessoas inovadoras trabalham melhor em grupo e, via de regra, são extrovertidas, razão porque o trabalho em equipe é altamente valorizado.
Para mim, trabalhar sob as ordens de um superior irredutível numa equipe competitiva, era um desafio diário. Poucos admitem que seja possível desmotivar e desestruturar alguém com poucas palavras e com atitudes mesquinhas.
As organizações acreditam que seus colaboradores sejam seres idênticos, e ao invés de valorizar diferenças, buscam torná-los todos iguais. E isto se transformou no grande desafio do mundo corporativo atual.
Neste contexto, introvertidos ou não, precisam aprender a sobreviver às adversidades sem se abalar, e ainda usar isto como alavanca para o crescimento.
Lendo o livro O Poder dos Quietos da autora Susan Cain, encontrei alguns pontos que mudariam minha ideia sobre introversão:
“Pessoas criativas tendem a ser mais socialmente classificadas como introvertidas, independentes e individualistas” … “Introvertidos preferem trabalhar de forma independente, e a solidão pode ser um catalisador da inovação”
No texto Comentando o livro O Poder dos Quietos, selecionei algumas informações que achei bem relevante.
Entendi que trabalhar sozinha poderia me trazer grandes ideias e me tornar mais produtiva; que a passividade não significa fraqueza, mas sim, uma forma de focar no objetivo principal sem desperdiçar energia em conflitos desnecessários. O autocontrole pode ser um dos maiores patrimônios.
Foi com estas revelações que iniciei um projeto de mudança de hábitos para desenvolver minha criatividade.
Mudança de rumo
Voltei a estudar, o que ajudou a me atualizar e desviar o foco da carreira que havia consumido anos da minha existência! Mais importante, comecei a ver o mundo de uma maneira diferente.
Descobri que passar por crises dentro da empresa e ter problemas de saúde por este motivo, era mais comum do que eu podia imaginar!
Receber um convite para escrever artigos foi um dos passos mais importantes na minha nova trajetória, e a criação do meu blog uma grande conquista em razão da minha timidez.
São pequenas atitudes que acabam trazendo uma felicidade sem preço. É um prazer indescritível, que poucos conseguem entender. E desde então esse tem sido o meu maior propósito, mostrar ao mundo que existem diferentes formas de realização pessoal.
Paixões que foram se revelando
Além de apaixonada por livros, adoro descobrir novos caminhos. Mergulho em alguns temas como se o mundo girasse em torno deles. E acabo transformando pequenas ideias em novas possibilidades.
Foi usando a palavra escrita que consegui apresentar minhas criações sem medo de críticas, um jeito de colocar para fora todas as minhas descobertas.
Otavio Frias Filho, diretor de Redação da Folha de São Paulo, escreveu na orelha do livro “Depois a louca sou eu”,de Tati Bernardi.
“Quando já não há antidepressivo nem terapeuta que dê conta, a literatura aparece como medicina das almas, capaz de remediar o escritor autêntico e o leitor sincero“.
Era a solução para as questões pessoais e profissionais que estava procurando.
E quando li este trecho no blog Autografia encontrei exatamente o que estava querendo ouvir:
“A cura para muitas coisas pode estar na palavra: a escrita pode servir como desabafo ou até mesmo como diversão. Muitas pessoas transformam suas vidas a partir da escrita, inclusive profissionalmente”.
E foi então que encontrei o caminho para compartilhar conhecimento, experiência pessoal, vivência profissional e ainda ser mais feliz.
Identificando novas vocações
A cada dia que passa tem sido mais fácil encontrar inspiração, não somente na leitura, mas também nas coisas simples como no convívio entre amigos, viagens e mesmo nas atividades do dia a dia. Li certa vez, que a realidade pode ser mais interessante que a própria ficção.
Estou me desligando cada vez mais do meu lado técnico e racional e estimulando novas emoções. É uma forma de me manter motivada e aprender a usar a inspiração através da sensibilidade.
Sair da empresa e encontrar um mundo novo
Sair da empresa não fazia parte dos meus planos, mas existem momentos que são únicos e precisamos identificá-los para não os desperdiçar.
Senti que tinha chegado a hora de esquecer toda a trajetória percorrida até aqui e iniciar um novo ciclo. Colocar em prática todos os meus sonhos, até aqueles mais distantes, e que jamais acreditei pudessem ser realizados.
Comecei uma nova caminhada, explorando um mundo novo, e estou aprendendo a descobrir a minha verdadeira missão.
Foi uma fase de autoconhecimento e descobertas
Precisei me renovar, encontrar um novo rumo profissional, e principalmente estabelecer um novo significado para a minha vida. Não era só aprender a lidar com o recomeço, mas com uma liberdade que eu não conhecia.
Tinha muitas dúvidas e pouco tempo para decidir. Sabia exatamente o que eu não queria, mas não tinha ideia de como seria difícil recomeçar. Não tinha muito tempo para erros, e a tolerância passou a ser uma habilidade imprescindível. Precisava evitar desgastes desnecessários.
Não estou mais em início de carreira, quando temos todo o tempo do mundo
para desistir e recomeçar. Mudar de direção, pivotar, se reinventar torna-se cada vez mais difícil. E tendo a
idade como um fator desfavorável, foi preciso encontrar ferramentas que me
ajudassem a identificar um novo sentido.
É difícil entender que a experiência não importa muito, e que a idade é sim um ponto negativo, mas temos o conhecimento e a inteligência emocional a nosso favor.
Mas, nem só de coisas ruins vive o mundo do trabalho formal. Existe muita relevância que precisa ser mostrada.
Não tinha muito tempo para erros
Novas experiências e passar grande parte do tempo estudando, faz parte da minha personalidade. Isto pode ser incompreensível para alguns, mas me faz bem feliz. Estou sempre aberta a novas habilidades e vocações, e busco encurtar caminhos.
Hoje temos muitos recursos, e isto cria a ilusão de que ficou tudo mais fácil. Na verdade, a grande dificuldade está no enorme volume de informação que recebemos a todo instante, e saber separar o que é interessante e significativo, daquilo que não acrescenta nada.
Depois de todas as descobertas, desacelerar
Simultaneamente a todas essas descobertas, é importante entender a necessidade de desacelerar e viver. Descobrir um momento que seja só seu e vivê-lo com calma para apreciar tudo o que está à nossa volta.
Um Texto do escritor Matheus de Souza, A arte de não fazer nada, apresenta o conceito de “Dolce far niente” – em uma tradução livre a “doçura de não fazer nada”. Onde ele destaca a seguinte afirmação:
“Não há necessidade de ser produtivo o tempo todo. “…” E se você reservasse um tempo para o dolce far niente, será que sua qualidade de vida não melhoraria e, de quebra, o tornaria mais produtivo nos momentos em que, de fato, você deve ser mais produtivo?”
Ainda encontro grande dificuldade em mostrar que podemos viver de um jeito mais simples e ser felizes.
E continuando a conversa entre amigos…
– E aí? Ainda acham que preciso de trabalho?
– Não tenho tempo para trabalho, estou aprendendo a ser feliz, onde só faço coisas que me deixam inspirada, e de quebra estou me tornando cada dia mais produtiva…